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24 junho 2014

UMA NARRATIVA VISUAL INVERNO 14

A coleção foi impregnada por diferentes significados e sentidos. Um cenário onde ficou claro que a relação roupa/corpo deve ser funcional e valorizar o movimento. O cotidiano nos inspirou muito. Alguns tricots com furos, uma estampa de tela esgarçada, remetem a idéia daquelas peças mais “detonadas” ou que parecem emprestadas (pois são maiores) e que ficam incríveis para compor com o novo, o luxuoso. 

As cores como preto, cinza, off white e azul surgem em blocos que acabam se mesclando criando uma cartela única. Uma silhueta mais ampla e fluida em equilibrio com volumes, linhas, cores e ritmos. Assimetrias, fendas e recortes marcam saias e vestidos. Calças têm estilos despojados, seja como uma segunda pele, como as mais curtas em tricot, ou skin stretch, ou ainda esportivas em tecidos luxuosos. Tricots, tops e camisas estilo masculino são "oversize", andrógenos. Sobreposições e amarrações são inspiradas no cotidiano dos bailarinos, que tem um estilo muito próprio, divertido e criativo. Os tecidos são leves e maleáveis como tule estampado, veludo rayon seda, malha rayon compacta, skin stretch, crepe de chine seda e tricots em viscose, lã e algodão. 

Coturnos foram adaptados especialmente para este espetáculo, onde substituimos o solado por uma fina camada protetora de borracha, para permitir os leves movimentos da dança. 

Ter a dança como veículo de comunicação nos atraiu para criar uma identidade específica. A expressão e o movimento corporal transitam e deixam claro que a personalidade é forte e dinâmica. Uma mudança na forma de pensar, desde a pré-concepção, concepção e uso das peças, que ganham intensidade e vida em cena. 

A contemporaneidade foi o fio condutor que uniu a coleção, a dança e a música. A atmosfera é de renovação onde qualquer movimento pode virar inspiração, e tudo pode ser mesclado. As ruas refletem essa relação de forma espontânea. Nas palavras da estilista: “Neste inverno 2014, procurei trazer o comportamento autêntico das ruas para a coleção. Em uma manhã inspirada por um sentimento de renovação, empenhei me na idéia de um novo trabalho com a São Paulo Companhia de Dança. Foi a partir de então que me deparei com uma completa sinergia entre as peças da coleção e o universo dos bailarinos, que adotam uma silhueta desconstruída e cheia de sobreposições durante os ensaios. Esta estação fica marcada para mim pelo espirito de colaboração entre as equipes UMA e SPCD, amarrado a cada ensaio: da concepção à realização, nos tornamos um coletivo e aprendemos com o processo.”


Raquel Davidowicz

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